sábado, 14 de março de 2009

Equação Social?

Não escondo de ninguém que recentemente comecei a ler artigos de sociologia. Sempre tive certo interesse na área, mas a finalidade não é acadêmica: é para afastar a tristeza mesmo. Desculpem-me os antropólogos e afins, mas simplesmente acho hilário como um autor é capaz de citar Marx a cada três parágrafos. Ou construções gramaticais que jamais seriam aceitas em outras áreas da ciência, como o uso e abuso de pontos de exclamação e interrogação, inclusive juntos e alternados.
Enquanto me divertia, contudo, um pouco dessas teorias escondidas sob camadas de socialismo invadiram minha mente e começaram a trabalhar. Trago, então, algumas reflexões.
Toda ação dentro de uma sociedade pode ser interpretada tanto pelas pessoas que as praticam (um assunto melhor abordado pela psicologia) quanto pelos membros desse grupo, sejam eles alvos diretos ou não do ato. Poderíamos elaborar conceitos de densidade de efeito da ação, segundo uma série de variáveis, e inclusive de impacto da ação, usando essa densidade como um dos fatores envolvidos. Tal assunto é amplo demais para essa postagem, e foge ao meu objetivo no momento - talvez eu use essas idéias futuramente.
Por outro lado, há atitudes que tem uma base biológica claramente explicada pela ciência. O desejo de se alimentar é uma delas - não é difícil explicar por que sentimos fome e como ficamos saciados. Se a refeição for considerada um convite para uma festa, ou se sua natureza por uma razão para banir o indivíduo do grupo, isso já foge aos instintos, explicados por neurotransmissores, hormônios e demais mecanismos.
É possível determinar matematicamente quanto de uma ação é interpretada de maneira bioquímica, e quanto é entendida segundo as convenções sociais e as tramas psíquicas internas de cada um? Certamente há inúmeras variáveis envolvidas. Mas, se fosse possível quantificá-las todas, teríamos uma fórmula para entender as interações humanas? Uma equação social?
Quem sabe, no futuro, um algorítimo de um computador potente realmente seja capaz de definir a melhor organização social?

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Psicoteca: Estrada da Noite

Vamos tentar um modelo novo descaradamente copiado de um blog vizinho. Quem sabe funciona? "Nada se cria, tudo se copia".



A "Estrada da Noite" (Heart-Shaped Box, em inglês) é o primeiro romance de Joe Hill, filho do famoso escritor de terror Stephen King. Ao abrirmos o livro e nos deparamos com a dedicatória de Joseph para seu pai ("Para o meu pai, um dos bons"), nos preparamos para cerca de três centenas de páginas de terror.
Não é bem assim, no fim das contas.
Essa impressão se mantem até mais ou menos as cem primeiras páginas. O vilão fantasmagórico não poupa esforços para tornar a vida do personagem principal um inferno - lugar para onde pretende arrastá-lo em seguida. Para aqueles que não são grandes fãs do horror, sugiro que se segurem mais um pouco.
Não poderíamos esperar que o protagonista do livro ficasse "apanhando" o tempo todo. Os próximos dois terços do livro dedicam-se a contar a reação do personagem frente a ameaça. E parecemos mergulhar em outro livro, apenas levando os persoangens conosco.
Não posso dizer que essa transição seja ruim. Os truques do além iriam se esgotar, eventualmente. Joe Hill, após massacrar bastante a estrela do livro, elabora um contra-ataque a altura, exatamente como esperaríamos pela descrição dessa personagem. E melhor, aproveita a empreitada para aprofundar os personagens e definir melhor seus contornos e relacionamentos com aqueles que os cercam.
O melhor, sem sombra de dúvida, é o trabalho feito com o vilão. De início, certamente pularíamos de nossas camas se o víssemos; após o trabalho feito nessa segunda fase do livro, pularíamos em seu pescoço. Joe Hill consegue construir um ser que ao mesmo tempo causa repulsa e grande ódio, enquanto nos vermos torcendo pelos protagonistas em batalhas cheias de simbolismo.
Em uma espécie de "Terror Psicológico", Joseph chega a construir dois vilões: um universal, para o leitor, que todos gostaríamos de estrangular; e outro, feito para seu protagonista, baseado em suas vivências e emoções particulares. De modo sem igual, ele ensina que, às vezes, tememos justamente aquilo que mais conhecemos.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Politicão

Ok, não posto desde o ano passado. E provavelmente qualquer pobre alma que tentava acompanhar esse blog já foi embora faz tempo. Um dos colaboradores, por exemplo (o único, para falar a verdade).
Mas estamos aqui - mais ou menos, realmente - então vamos aos comentários da noite. Noite, propício para falar de um assunto bem sombrio, política. Tirem as crianças da sala.

Então o Ilustríssimo Senador Jarbas Vasconcelos, em um grande momento de insight, anunciou que há corruptos no PMDB. Do alto escalão. Resolve não citar nomes, esse mero detalhe que são os nomes - o último homem-bomba que fez isso explodiu quase sozinho.
Teria descoberto, após quase vinte e quatro anos de política dentro de seu partido, que eles não tem uma bandeira política. Perspicaz, não?
Não vou tentar redigir alguma piadinha ou comentário ácido em relação ao Senador Jarbas ou seu partido. É como fazer piadas de um palhaço. Nem precisa dizer que o mesmo é válido para o contribuinte e eleitor brasileiro.
Bem, vamos abaixar o nível então. Eleições 2010, pois falar de política sem eleição não tem graça. Não vou perder meu tempo analisando uma série de candidatos que convergem nos principais pontos; apenas farei uma observação sobre um dos planos mais medonhos da política brasileira contemporânea. Cogita-se lançar Aécio Neves para Presidência, se ele trocar de partido para o PMDB. Um tucano lançado pela grande massa amorfa do PMDB, com apoio do governo petista de Lula? Ainda com uma troca de partido às vésperas das eleições? Nós não merecemos tanto, ilustríssimos senhores.
Não merecemos.

Em Tempo: Sabe aquele insight de Jarbas? É epidêmico. Hoje o senhor Orestes Quércia, do PMDB, resolveu dar sua opinião também. Mas adicionou um detalhe: a culpa seria do sistema político, que corrompe os políticos! Quércia é o Rosseau brasileiro, senhores.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Politiquinha

Eu sei que eu disse que não haveria mais posts nesse mês. E você acreditou? Hah.
Pelas recentes alterações em leis eleitorais, não será divulgado nome da cidade ou dos legisladores envolvidos. Até porque não importa seus nomes, visto que suas atitudes caracterizam não apenas aquele político "ixperto": o projeto de lei é o resumo do Jeitinho Brasileiro.
Imaginem vocês que nessa cidade os funcionários da saúde são contratados para jornadas de oito horas por dia. Mas, que absurdo, todos sabem que só trabalham seis horas! Verdade seja dita, não é absurdo que vocês imaginem que, por vezes, faltam condições físicas e estruturais para esses funcionários trabalharem as oito horas. Mas, de qualquer modo, duas horas de atendimento à população desaparecem pelos ralos (ou buracos mal tampados).
Felizmente, esse assunto chegou ao ouvido de dois legisladores! Convictos de que a situação era insustentável, logo trataram de escrever um documento que adequa-se a Lei e a Realidade. Aquela rara harmonia entre teoria e prática, sabem?
Pois é. O ridículo vem agora.
Corrigiram o descompasso entre lei e prática simplesmente oficializando as seis horas. Vamos com calma agora. Não sou contra a redução de jornada de trabalho, se ela for justa, ou trouxer benefícios para a administração e povo. Sou contra o "jeitinho" de se acertar as coisas: oficializando a maquiagem, abrindo portas para legalizar qualquer ato fora da lei.
Mais uma atitude que busca fusionar o espírito (de porco) da "ixperteza" brasileira com o Espírito das Leis. Esta, que deveria ser uma bela estátua polida à perfeição, está mais para a escultura de um monstro abortado, cheio de braços que se arrastam para todas as direções da sociedade civil. E o pior: lapidado por nós mesmos.
E tenho certeza que essa mesma atitude que vi com meus próprios olhos está ocorrendo em outras cidades dessa nação.
Epidemia.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O país do futuro, revolução tecnológica, política, golpe e outras coisas mais

Ok. Não postei quase nada esse mês. Na verdade, esse é o primeiro post do mês, tudo bem. E não vai ser longo. Não tive tempo para nada em Setembro, e nem terei. Talvez no começo de Outubro eu retorne sério...
Já o Luís, parece que não vai ter tempo para mais nada para o resto da vida. Especialmente considerando que a Internet dele fica "naqueles dias" (dias que o vizinho viaja e não e ele não consegue "compartilhar" o sinal). Aí já viu.
Enfim, uma pequena nota minha que gostaria de compartilhar:

Brasil, País do Futuro
1953, Tribuna da Imprensa: "Documento escrito (supostamente) pelo Deputado Antonio Brandi coloca a república e o sistema político em risco de desabamento".
2008, Folha de São Paulo: "Documento digital nos HDs de Daniel Dantas coloca a repúbica e o sistema político em risco de desabamento".
Realmente, a Revolução se concretizou. Revolução Tecnológica, diga-se de passagem.

Linha de fim de pensamentos estúpidos e absurdos. Em Outubro tem mais.

PS: Ainda em tecnologia. Fiz esse post porque o Gaspar mandou eu escrever algo sobre o LHC. Não é que a desgraça resolveu quebrar justo hoje? Vai ficar uns seis meses sem funcionamento. E eu, sem assunto. A Revolução Tecnológica ainda tem suas falhas, não?